Temos visto uma
enxurrada recente de profissionais “psicólogos” em diversos setores: empresas,
escolas e até na televisão. Em concordância com isso estão os “psicólogos
cristãos” e os “pastores psicólogos”. Mas até que ponto isso é coerente com a
palavra de Deus? Até que ponto é apenas o uso esporádico da psicologia ou
apenas o uso deliberado dela para se apropriar da fé de muitos?
Lembro-me quando
estudei pela primeira vez Missiologia (estudo de missões) e fiquei chocado ao
descobrir que muitos missionários desenvolvem problemas psicológicos, tais como
a depressão. Chegando inclusive a voltar do campo antecipadamente por causa
disso. Pensei então: como missionários fazendo a obra podem sofrer depressão?
Mais tarde, li e ouvi
de muitos pregadores que era impossível conciliar a psicologia e a vida com
Deus. Que um anulava o outro. Assim, muitos tratavam e tratam desta área da ciência
com desdém, achando que razão e fé são incompatíveis.
A verdade é que muita
coisa mudou desde que li aquele artigo sobre missionários depressivos. Uma
delas é que nos cristãos deixamos, em sua maioria, de sermos avessos aos estudos
e passamos a galgar postos na academia, faculdades e inclusive em cargos
públicos. Assim, é comum em qualquer igreja hoje vermos universitários ou
jovens lutando para passar no vestibular ou em concurso.
Deixamos de lado aquela
estranha afirmação que estudar corrompe. Afinal o que corrompe não é o estudo,
mas o que se estuda. Daí muitos cristãos tem se voltado para a Psicologia.
Alguns apenas pelo conhecimento, outros pela empregabilidade e ainda outros
para dela se utilizarem em suas mensagens e ilustrações.
Atualmente estou
concluindo meu curso de Psicologia. Prego a palavra desde os meus 14 anos. E
nunca pensei que estaria nesta área da ciência. Porém, não me arrependo, afinal
a psicologia como qualquer profissão tem muito ha oferecer a vida do cristão:
melhor entendimento acerca da condição emocional de personagens da bíblia; um
apoio científico a importância da empatia: de ouvir, compreender e aceitar o
outro independente do que ele tem, ou seja, “ama a teu próximo como a ti mesmo”;
e acima de tudo provas da personalidade e inteligência do Pai, do Filho e do Espírito
Santo (A exemplo uma série de livros “psi” sobre a Análise da Inteligência de
Cristo).
No entanto, como
ciência tem suas limitações: Esta em constante mudança, mas a Palavra de Deus é
imutável; Independe de credo ou religião, mas a salvação depende de Jesus; Tem
diferentes abordagens, algumas até contraditórias, mas a Palavra de Deus tem perfeita
unidade. Daí, apesar de tensões que
aparecem, não é necessário e não é bom subordinar uma à outra (Teologia e
Psicologia).
Cremos que tanto a
verdade revelada quanto a verdade científica vêm de Deus. Assim entendemos que
a Ciência da Psicologia e da Psiquiatria tem direito a existir como tal, e a Fé
Cristã também tem o direito de existir como tal. Então, quando um cristão como
nós se dedica à prática profissional da psicologia ou psiquiatria, o que ele
faz será boa ciência, boa psicologia/psiquiatria; ele não criará uma
"psicologia cristã" ou “psiquiatria cristã”, mas será um bom cristão
e um bom psicólogo/psiquiatra.
Além do que, há algumas
diferenças entre o evangelho e a psicoterapia: o evangelho nós recebemos de
graça, e a psicologia/psiquiatria foi uma formação profissional que cursamos,
da qual tiramos o sustento para a vida. O evangelho parte do princípio que pra
ganhar uma alma deve-me considerar tal como o perdido (igual posição) enquanto
a psicoterapia se baseia em uma relação de poder sobre o indivíduo (O poder do
terapeuta sobre o cliente).
Portanto, a partir
deste mês passarei a publicar assuntos relacionados e psicologia e a fé
mostrando que ambas podem sim se complementar. Peço a todos que mandem assuntos
para tratarmos nesta coluna mensal. Mas deixo um recado: muito do que se tem
falado acerca da psicologia por pregadores famosos não é verdade. Muitos
infelizmente apenas a utilizam para manipular pessoas tal como qualquer outra
área do conhecimento.
"Rogo-vos,
pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo como
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional"
(Rm 12.1)
TENHA
UMA FÉ QUE PENSA E UMA RAZÃO QUE CRÊ!!!
PENSE
NISSO!!!
Pr. Marcelo Camilo